O mapeamento dos riscos psicossociais no ambiente de trabalho se tornou uma responsabilidade prioritária para as empresas e os profissionais de RH. Com a recente atualização da NR-1, avaliar fatores que afetam a saúde mental das equipes passou a ser parte fundamental da rotina organizacional, não apenas por obrigação legal, mas porque influencia diretamente a produtividade, retenção de talentos e competitividade da empresa.
O que são riscos psicossociais?
Riscos psicossociais englobam situações, práticas e processos na dinâmica organizacional capazes de afetar negativamente a saúde emocional, mental e até física das pessoas. Eles nascem tanto dos aspectos da cultura da empresa, quanto da organização do trabalho e das relações interpessoais. Estão cada vez mais visíveis devido ao aumento de metas, uso intensivo de tecnologia, cobranças constantes por resultados e transformações rápidas no cenário de trabalho.
Excesso de tarefas, falta de clareza sobre prioridades, conflitos recorrentes e assédio, somados à sobrecarga mental, podem desencadear quadros de ansiedade, depressão e burnout, resultando em perdas para todos os envolvidos.
Exemplos e impactos dos riscos psicossociais
Entre as principais situações encontradas nas empresas, destacam-se:
- Pressão intensa e prazos reduzidos para entrega de projetos
- Ausência de feedback construtivo e reconhecimento
- Dificuldade de comunicação entre equipes e lideranças
- Carga horária incompatível com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
- Falta de apoio emocional em situações de crise
- Práticas ou cultura de assédio, discriminação ou bullying
- Insegurança quanto à estabilidade e decisões organizacionais
- Alto nível de competitividade interna, prejudicando a colaboração
Esses elementos geram queda do engajamento, absenteísmo, aumento dos afastamentos por transtornos mentais, rotatividade acima da média, reclamações trabalhistas e deterioração da imagem da empresa no mercado.
Importância do mapeamento dos riscos psicossociais para o RH
O RH ocupa papel decisivo porque é a área responsável por garantir que os ambientes de trabalho sejam seguros, sustentáveis e orientados ao respeito. Mapear riscos psicossociais não é tarefa pontual, mas um processo sistemático que permite:
- Medir o clima organizacional e antecipar crises
- Prevenir doenças ocupacionais e promover o bem-estar coletivo
- Direcionar programas de desenvolvimento
- Reduzir custos com afastamentos e passivos judiciais
- Melhorar atração e retenção de talentos
- Cumprir as exigências regulatórias vigentes
Responsabilidade legal e novidades da NR-1
Apesar de a nova NR-1 já prever a inclusão obrigatória dos riscos psicossociais no gerenciamento de riscos ocupacionais desde 2025, a exigência legal será aplicada de forma integral apenas a partir de 26 de maio de 2026, quando passam a valer multas, fiscalizações e autuações específicas para quem descumprir a norma.
Até essa data, o governo manteve o período de adaptação com caráter educativo para que as empresas ajustem processos, capacitem equipes e estruturam um diagnóstico robusto sobre os riscos psicossociais. A partir de 2026, o não cumprimento dessas exigências pode levar à autuação e impactar a continuidade das operações, tornando o preparo antecipado uma estratégia indispensável para RH e liderança.
A atualização reforçou:
- Obrigatoriedade de avaliações regulares
- Adesão a protocolos específicos em situações de pressão, assédio ou sobrecarga
- Integração com outras normas, como NR-17 (ergonomia) e NR-7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional)
- Exigência de monitoramento contínuo e transparência do processo para todos os colaboradores
- Participação ativa das equipes, para garantir diagnóstico realista e efetividade das ações
Empresas que não se adaptam podem sofrer autuações e comprometer sua continuidade no mercado.

Como identificar e avaliar riscos psicossociais
O levantamento de riscos psicossociais vai além da análise de indicadores estatísticos. O Ministério do Trabalho orienta que boas práticas envolvam:
- Aplicação de questionários anônimos para mapear saúde mental, experiências de estresse e percepção de assédio
- Realização de entrevistas individuais e rodas de conversa para ouvir demandas e insatisfações recorrentes
- Observação estruturada das rotinas diárias para desvendar pontos de conflito, sobrecarga e comunicação ruim
- Oficinas de cocriação e diagnóstico participativo, valorizando as experiências das equipes e a construção coletiva de soluções
- Integração do mapeamento com a Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP) ou Análise Ergonômica do Trabalho (AET), de acordo com a complexidade do cenário
É importante registrar toda a análise no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), documentando critérios de classificação por probabilidade e gravidade, sempre revisando os processos com participação das pessoas envolvidas.
Construção de um ambiente saudável e sustentável
Ambientes psicologicamente seguros são formados a partir do diálogo aberto, valorização do feedback, clareza de papéis, respeito mútuo e incentivo à colaboração. Para isso, o RH pode adotar:
- Estruturas simples para denúncia de assédio e acompanhamento sigiloso das ocorrências
- Programas de treinamento em habilidades socioemocionais e prevenção de conflitos
- Incentivo à autonomia e à participação das equipes nas decisões sobre rotinas e processos
- Valorização do equilíbrio entre demandas profissionais e necessidades pessoais
Como avaliar os indicadores de riscos psicossociais
O RH precisa enxergar os indicadores de riscos psicossociais como parte de um processo, em que os dados apontam tendências, auxiliam na compreensão do clima interno e apoiam ajustes ágeis nas práticas culturais. Para isso, é preciso combinar indicadores quantitativos, como absenteísmo, afastamentos por motivos psíquicos, rotatividade relacionada à saúde, frequência de reclamações internas e resultados de pesquisas de clima, com métodos qualitativos, como entrevistas e observação direta do dia a dia da equipe.
Ferramentas validadas internacionalmente, como o Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ), permitem mensurar de forma detalhada dimensões como carga de trabalho, estresse, apoio da liderança, autonomia e reconhecimento, compondo um diagnóstico multifocal. Acompanhando de perto esses indicadores e ouvindo os colaboradores, o RH consegue capturar mudanças sutis e antecipar soluções, tornando a gestão de riscos psicossociais mais assertiva e sustentável no tempo.
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